Entre as seis cidades mais importantes da Bahia (Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus, Itabuna e Juazeiro), Ilhéus possui o maior PIB per capita, ultrapassando os 7 mil reais. Ilhéus abriga um Pólo de Informática, além de ser centro regional de serviços junto com Itabuna. Sedia o Aeroporto Jorge Amado, que é portão de entrada para destinos muito procurados como Itacaré, Barra Grande, Canavieiras, Ilha de Comandatuba e a própria cidade de Ilhéus.
História
A história de Ilhéus remonta a época das capitanias hereditárias, quando D. João III doou vasta extensão de terra ao donatário Jorge de Figueredo Correia. Instalada em 1535 na Ilha de Tinharé, antigo domínio da Capitania de Ilhéus, a sede administrativa logo se mudou para a região da Foz do Rio Cachoeira, a chamada Baía de Ilhéus. Ainda que se falasse da terra as maiores maravilhas, o donatário da Capitania preferiu o luxo e o fausto da corte, enviando o destemido espanhol Francisco Romero para enfrentar e depois pacificar a bravura dos índios tupiniquins.
Logo, a amizade dos colonizadores com os nativos tornou possível a fundação cultural da Vila de São Jorge dos Ilhéus, que se transformou em freguesia em 1556 por ordem de D. Pero Fernandes Sardinha. Considerada por Tomé de Sousa como “a melhor coisa desta costa, para fazenda” a região se tornou produtora de cana-de-açúcar e ganhou muitas construções. Mas, com a chegada dos ferozes índios Aimorés, que passaram a atacar as plantações, Ilhéus sofreu o declínio econômico que resultou em decadência. No século XVIII com a importação de mudas de cacaureiros da Amazônia e sua notável adaptação à condições climáticas da região, Ilhéus viu brilhar diante de si um novo eldorado. O cultivo do cacau passou a gerar um número sem fim de histórias, receadas de cobiça, amores e lutas pelo poder, formando um terreno fértil para os romances de Adonias Filho e Jorge Amado, onde narram as paixões desenfreadas dos coronéis por dinheiro, mulheres e terras.
A carta da doação da Capitania de Ilhéus a Jorge de Figueiredo Correia foi assinada em Évora a 26 de junho de 1534. O donatário mandou em seu lugar o preposto Francisco Romero, que primeiro se instalou na ilha de Tinharé, onde fica o Morro de São Paulo e depois, quando descobriram o que seria mais tarde a Baía do Pontal, se encantaram e fundaram a sede da capitania, dando o nome de São Jorge dos Ilhéus, uma homenagem ao donatário Jorge e Ilhéus, devido à quantidade de ilhas que encontraram no seu litoral.
Além das que existem ainda hoje, como a Pedra de Ilhéus, Ilheusinho, Pedra de Itapitanga e a Ilha dos Frades, os morros de Pernambuco e o atual Outeiro de São Sebastião também eram ilhas.
Nos primeiros quinze anos o progresso da vila era enorme e atraía todo tipo de pessoa. Em 1556 a vila já possuía a igreja Matriz e relativa produção de cana-de-açúcar. Jorge de Figueiredo doou pedaços de terra que se chamavam sesmarias a diversas figuras importantes do reino, e em 1537 doou uma sesmaria a Mem de Sá, que seria o terceiro Governador Geral do Brasil, localizada no que foi chamado Engenho de Santana, e onde hoje está localizado o povoado de Rio do Engenho. Ainda restam vestígios deste engenho que foi explorado pelos jesuítas e onde está localizada a capela de Nossa Senhora de Santana, considerada a terceira igreja mais antiga do Brasil. Em 1551, com a morte do donatário a capitania mudou de dono várias vezes e caiu no ostracismo, tornando-se apenas mais uma vila de pescadores na costa desse imenso país.
Quando, em 1595, os franceses atacaram Ilhéus e foram repelidos, já existia na entrada do porto o fortim de Santo Antônio, transformado em 1611 em forte de pedra e cal.
Em 1754 o governo português acabou com o sistema de capitanias hereditárias e as terras brasileiras voltaram para as mãos do governo. Foi nessa época que iniciaram o plantio do cacau. As primeiras sementes foram trazidas do Pará, pois o cacau é planta nativa da região amazônica, pelo francês Louis Frédéric Warneaux, e plantada na fazenda Cubículo, às margens do rio Pardo, hoje município de Canavieiras.
Naquela época não se tinha conhecimento da importância do chocolate na alimentação e só pensava-se em cultivar a cana-de-açúcar, que era o que rendia muito. Foi somente na século seguinte, nas primeiras décadas que os alemães chegados à região e, 1821 começaram o plantio do cacau como cultura rentável. Até 1890 foram os estrangeiros que plantaram cacau. A partir desta data é que houve uma verdadeira corrida para a ocupação das terras de mineração.
Em 28 de junho de 1881 Ilhéus foi elevada à categoria de cidade, numa ação referendada pelo Marquês de Paranaguá. Em 1913 a cidade foi transformada em bispado. O governo brasileiro doava terras a quem quisesse plantar cacau. Vieram sergipanos e pessoas fugidas da seca do nordeste, do próprio estado e de todo lugar, Em dez anos a população cresceu de uma forma explosiva, plantava-se cacau em abundância, vieram pessoas buscando o eldorado e a região mudou seu aspecto.
Nesta época começaram a construir belos edifícios públicos como o Palácio do Paranaguá que abriga até hoje a Prefeitura e a sede da Associação Comercial de Ilhéus; belas casas, como a do “coronel” Misael Tavares e a da família Berbet, uma cópia do Palácio do Catete no Rio de Janeiro e muitos outros belos prédios.
Na década de vinte do século passado, Ilhéus fervilhava de pessoas, de dinheiro, de luxo e riqueza. Foi construído o prédio do Ilhéos Hotel (a grafia antiga), o primeiro com elevador no interior do Nordeste, uma obra ainda hoje imponente, e o Teatro Municipal que esteve em ruínas, mas que foi reformado e é considerado um dos mais bem aparelhados do interior do Nordeste e fora das capitais.
Ilhéus sempre primou pelo bom gosto e pelo requinte, sempre teve muita ligação com a Capital Federal, o Rio de Janeiro (enquanto capital do país) e também com a Europa. Em 1921, quando inaugurou, sua casa, o “coronel” Misael Tavares ofereceu um banquete e o cardápio do jantar estava escrito em francês. Era comum as famílias possuírem pianos, muitas vezes até de cauda em suas casas e até fazendas. Vinham da Europa nos navios.
A exportação de cacau era um problema, pois era feita pelo porto de Salvador. Havia muita dificuldade no embarque e perda de qualidade e de peso. Em 1924, os cacauicultores iniciaram a construção do porto de Ilhéus com recursos próprios, e a exportação do cacau começou a ser feita diretamente na cidade, trazendo com isso a presença de estrangeiros e um intercâmbio cultural com países da Europa. Nesta época vinham dançarinas, mágicos, e também aventureiros para divertir as pessoas que possuíam dinheiro.
Havia cabarés, clubes noturnos, cassinos. A cidade era movimentada e é esta época narrada por Jorge Amado em seus romances. Uma época de muito dinheiro e de muito luxo.
O grande fluxo financeiro originado pela produção e exportação de cacau deu origem a peculiaridades no desenvolvimento da Região da Costa do Cacau, região geoestratégica da Bahia. O desenvolvimento da produção e a busca por melhor qualidade nesta commodity, levaram as lideranças regionais e os produtores a criar a CEPLAC, Comissão Executiva de Desenvolvimento e Preservação da Lavoura Cacaueira. Hoje um orgão do Ministério da Agricultura, com importante centro de pesquisa, o CEPEC. A demanda regional por educação superior, buscada nas década de 40 e 50 em Salvador, principalmente pelos filhos de coronéis do cacau, gerou o anseio pela implantação de faculdades e instituições de ensino superior na região. A UESC, Universidade Estadual de Santa Cruz, é fruto desta demanda, e hoje torna-se referência nordestina em formação profissional de nível superior, e firma-se como importante instituição de produção científica no nordeste, sendo a segunda da Bahia, somente superada pela UFBA.
A cidade de São Jorge dos Ilhéus fica situada em local privilegiado. Recortada por muita água, sua chegada por avião é muito bonita e emocionante. O centro da cidade fica localizado numa ilha artificial formada pelos rios Almada, Cachoeira e Itacanoeira (ou Fundão) e ainda pelos canais Jacaré e Itaípe, este último construído no final do século antepassado pelo engenheiro naval François Gaston Lavigne, oficial do exército de Napoleão. Este canal foi construído para facilitar a passagem das canoas que traziam cacau da região do rio Almada para o embarque no porto. Compondo a área de preservação ambiental da bacia hidrográfica deste rio, a Lagoa Encantada possui beleza natural ímpar, elevado nível de preservação ambiental, lindos passeios de barco, com cachoeiras e contato com a natureza.
A partir de meados da década de oitenta, a monocultura cacaueira sofreu um rude golpe na sua característica principal que era a de gerar muita riqueza. A seca constante provocada pelo fenômeno El Niño, os baixos preços internacionais e por último a praga denominada vassoura-de-bruxa, fizeram da cacauicultura uma atividade menos rentável. Se para uns isto representou tristeza e angústia, para a região permitiu que se pensasse em outras atividades rentáveis. Foi então que Ilhéus renasceu, desta vez para o turismo. A implantação de projetos industriais e o surgimento do pólo de informática têm sido também alternativas de desenvolvimento.
A cidade tem infra-estrutura que permite, melhor que nenhuma outra no Estado, que se desenvolva esta atividade que cada vez mais pessoas no mundo procuram, que é o lazer e a vontade de descansar e aliviar o corpo da tensões cada vez maiores do trabalho. Hawaizinho, Olivença, Rio do Engenho, são alguns dos pontos turísticos que merecem uma visita à Ilhéus. A população gentil e hospitaleira, educados e respeitosos com o turista a mais.
Turismo
Pontos turísticos
Capital do turismo na Costa do Cacau, e considerada por muitos, terceiro maior ponto turístico da Bahia, Ilhéus é cheia de pontos turísticos, dentre eles, patrimônios religiosos, instituições culturais, bairros e povoados, que juntos às suas belíssimas praias (exemplos: Avenida, Ponta da Tulha, Sul, Norte, Batuba, Olivença), formam um espetáculo.